Revista UFO - coronel, após um
caso como esse, pelo que sabemos, vocês faziam um relatório
completo, que era integrado à Operação Prato. Mas vocês
também se submetiam a algum tipo de exame médico?
Hollanda - Era feito um relatório
do acontecimento, com hora, local, coordenadas geográficas,
mapeamento da região etc. Tudo bem descritivo. Mas nunca tivemos
que fazer exame médico, mesmo porque nunca tivemos qualquer
problema.
Revista UFO - Quando seu comandante
recebeu a notícia sobre o que aconteceu, como ele reagiu?
Hollanda - Ficou mais satisfeito,
bastante alegre. Pareceu que sua reação foi de muito agrado.
Revista UFO - Esses casos
ufológicos foram se repetindo? Do que mais o senhor se lembra
para nos contar?
Hollanda a - Bom, como a Baía do
Sol era um local muito favorável para observações de UFOS,
passamos a freqüentar a região com bastante regularidade.
Tínhamos amigos no Serviço Nacional de Informações (SNI)
que não tem nada a ver com isso - os quais acompanhavam
algumas de nossas missões. Os agentes eram nossos conhecidos,
tinham curiosidade, por isso iam conosco. Às vezes, saíam
notícias a respeito num ou noutro jornal local, fazendo com que
muita gente em Belém comentasse sobre esses avistamentos. Minha
mulher (Editor: de seu primeiro casamento, já falecida) e meu
irmão sabiam das coisas que eu estava fazendo. Mas além desse
círculo, ninguém de fora da base do Comar tinha ciência desses
pormenores. Mesmo assim, pedia sempre muita reserva à minha
esposa e irmão. Tanto que eles nem perguntavam detalhes.
Revista UFO - A população de
Belém sabia que havia uma operação da FAB na região ?
Hollanda - Não. Mas sabia que nós,
da Aeronáutica, estávamos por lá, atentos a tudo. Algumas
pessoas sabiam que existia uma operação, só não sabiam do
nome nem dos resultados. Outras sabiam de pequenos detalhes, como
o fato de eu ser capitão, ou de fulano ou sicrano ser sargento,
mas ninguém sabia dos resultados da missão. Nem bem o que
exatamente fazíamos. O que se desconfiava era que a gente estava
examinando. Só! No caso dos oficiais do SNI, quando me pediram
para ir, eu disse que não tinha problema, mas, que deveriam
pedir autorização ao seu chefe (Editor: na época, o chefe do
SNI em Belém era o coronel Filemon). E o chefe deles autorizou,
porém não como uma missão do serviço de informação. Apenas
para sanarem suas curiosidades.
Revista UFO - O serviço Nacional de
informações chegou a desenvolver algum trabalho ufológico
depois disso?
Hollanda - Não. Os agentes só
queriam ver aquelas coisas voando, junto de nossa equipe. Eles
sabiam que estávamos fazendo um trabalho sério em certos locais
de vigília. E como confiavam em nossa experiência, seguiam-nos
aos pontos mais prováveis de avistamentos de UFOS. Um dia, junto
ao Milton Mendonça, chegamos à Baía do Sol, lá pelas 18:00 h,
e montamos nosso equipamento fotográfico. Ficamos então num
lugar escuro, reservado, observando o que viria a acontecer. No
entanto, por razões pessoais, tive que voltar mais cedo naquela
noite, para estar em Belém às 20:00 h, pois tinha um
compromisso.
Por volta das 18:30 h, surgiram três pontos luminosos alinhados
muito alto no céu, em grande velocidade. E olha que eu conheço
avião para dizer que a velocidade daquilo era bem acima da
média. Os pontos estavam voando no sentido oeste-leste.
Quando deram 19:00 h, apareceram mais dois estranhos objetos
piscando alinhados, um atrás do outro, no sentido norte-sul.
Revista UFO - Qual foi a seqüência
com que os fatos se apresentaram?
Hollanda - Bem, o pessoal do SNI
não chegava. Tínhamos combinado às 18:00 h. Ficamos
aguardando-os para que acompanhassem nossa vigília. Assim,
esperei apenas mais um pouco e, quando começamos a desmontar o
material, pois não podia mais aguardar. Finalmente chegaram e
perguntaram se tinha havido algo. Eu brinquei, dizendo ter
marcado às 18:00 h e eles só apareceram às 19:00 h, numa
referência ao fato de que ali passa UFO quase que de hora em
hora. E um deles fez então uma pergunta idiota: "A que
horas passa outro? ". Respondi que não sabia e que aquilo
não era bonde para ter horário.
Falei ainda que eles deviam ficar ali a noite inteira, esperando
para ver UFOS. Nesse momento, enquanto conversávamos, um deles
disse: "Olha aqui em cima, agora. Olha para o alto".
Foi aí que o herói brasileiro tremeu nas bases, porque tinha um
negócio enorme bem em cima da gente. Era um disco preto, escuro,
parado a não mais que 150 m de altura, exatamente onde
estávamos.
Revista UFO - Deve ter sido uma
experiência fantástica e aterrorizante. O objeto tinha luzes,
emitia algum ruído, fez algum movimento?
Hollanda - Ficou parado, mas tinha
uma luz no meio, indo de amarela para âmbar. E fazia um barulho
como o de ar condicionado. Parecia com um ruído de catraca de
bicicleta quando se pedala ao contrário. Aquele negócio era
grande, com talvez uns 30 m de diâmetro. Olhamos para aquilo por
um bom tempo, até que começou a emitir uma luz amarela muito
forte, que clareava o chão, repetindo isso em intervalos curtos
mais umas cinco vezes.
Revista UFO - Qual foi a reação
dos membros do SNI?
Hollanda - Não foi só o pessoal do
SNI, não. Todo mundo ficou espantado! Eu mesmo nunca tinha visto
algo
assim, e olha que já estava quase há dois meses nessa
operação. Nunca aparecera uma nave desta forma para gente.
Foi tão inusitado que nem lembramos de montar novamente a
máquina fotográfica, que já estava guardada, pois já íamos
embora. Também não dava tempo, pois estava guardada em caixas
próprias e demoraria para que fosse retirada, montada e armada.
Só nos restava ficar olhando, assustados, para aquela coisa que
iluminava tudo com uma luz amarela forte que ora apagava, ora
acendia.
Revista UFO - Parece que estavam
dando uma demonstração a vocês, latejando dessa maneira
estranha.
Hollanda - É. O UFO fazia isso em
intervalos de dois segundos. Apagava, acendia, apagava. Era uma
luz progressiva, que não clareava como um flash, mas que crescia
e voltava à mesma intensidade. Estávamos até sentindo que
alguma coisa podia acontecer, pois estava escuro, era um local
bastante isolado e ninguém sabia que a gente estava lá - só
nós e "eles" [risos].
Revista UFO - Houve alguma ocasião
em que outras equipes de diferentes órgãos do Governo
participaram junto a vocês?
Hollanda - Não. O que eu sei é que
houve um vazamento de informações sobre a Operação Prato.
Algumas pessoas comentavam sobre a incidência de avistamentos.
Creio que o vazamento se deu no Aeroclube de Belém. Teve uma vez
em que uma equipe do jomal O Estado do Pará foi para o lugar
onde a gente estava acampado e, como sabia que estávamos na
área, ficou na espreita. Noutra vez eles se enganaram: foram a
um ponto onde acharam que estaríamos, mas se deram mal, pois
estávamos em outro. Numa dessas aventuras, eles chegaram a ver
alguma coisa, porém foi algo tão esquisito que jamais voltaram.
Alguns repórteres juraram que nunca mais fariam uma missão
dessas. Eles viram uma luz se aproximando à baixa altitude e
pegaram o carro para chegar mais peno. A luz se dirigiu até onde
estavam e focou um raio em cima deles. pelo que soube, o teto do
carro ficou translúcido, como se fosse de vidro. Aí o objeto
fez umas evoluções em cima do automóvel, permitindo até que
fotografassem aquilo. As fotos foram publicadas em página
inteira. Tinham uma nitidez incrível. Mas depois do susto que
tomaram, as testemunhas sumiram de carro - parece que alguns
tiveram acesso de vômito e se descontrolaram emocionalmente.
Quem pode dar informação sobre este fato é o Pinon [Editor:
Ubiratan Pinon Frias], que era o piloto do Aeroclube de Belém.
Revista UFO - com todos esses fatos
acontecendo e vocês mandando toda hora relatórios para sua
chefia, em algum momento perguntou a ela se haveria possibilidade
de informar à população sobre as ocorrências e a operação
Prato?
Hollanda - Não, não foi feita essa
pergunta porque a gente já sabia que não era possível que a
população viesse a saber dos acontecimentos. Não seria
cabível essa dúvida ao meu comando, porque isso era assunto
reservado. Minha missão era coletar dados e entregar ao
comandante, e isso era tratado com confidencialidade. Tínhamos
que documentar, fotografar e filmar os UFOS, se possível, e
entregar tudo ao Comar. Daí para frente, o destino que seria
dado ao material era responsabilidade dele.
Revista UFO - O senhor tem idéia do
que era feito desse material?
Hollanda - Os relatórios com
desenhos, fotos etc eram preparados, classificados, passados ao
comandante e arquivados no próprio Comar, numa sala reservada.
Depois disso, alguns iam para Brasília, segundo fui informado na
época. No entanto, pelo que sei, a reação dos altos escalões
era de ceticismo - alguns colegas até brincavam com os fatos.
Revista UFO - O senhor teve
conhecimento de que a FAB já teria instituído um sistema de
pesquisa oficial quase 10 anos antes, em 1969, chamado Sistema de
Investigação de Objetos Aéreos Não Identificados (SIOANI) ?
Hollanda - Nessa época, em 1969, eu
era tenente na Base Aérea de Belém e foram distribuídos entre
nós vários livretos informativos sobre o assunto, pedindo para
que os oficiais que se interessassem pelo tema fossem
voluntários para preparar relatórios com depoimentos. Foi só.
Depois as discussões morreram.
Revista UFO - Em algum momento houve
participação de militares americanos pedindo informações ou
detalhes sobre o trabalho de vocês na operação?
Hollanda - Que eu saiba, não. Se
isso ocorreu foi em altas esferas e, como já disse, eu era
apenas capitão. Não me metia nessas coisas e nem podia saber
nada a respeito.
Revista UFO - A incidência desse
fenômeno na Amazônia, durante a Operação Prato, chegou a ser
diária?
Hollanda - Sim, era diária e muito
ativa. Chegamos a verificar pelo menos nove formas de UFOS.
Conseguimos deterrniná-las e classificá- las. Algumas eram
sondas, outras naves grandes das quais saíam objetos menores.
Filmamos tudo isso, inclusive as naves pequenas voltando ao
interior de suas naves-mãe, as maiores. Tudo foi muito bem
documentado!
Revista UFO - Quais eram os
equipamentos que vocês utilizavam para registrar todo esse
movimento?
Hollanda - Tínhamos máquinas
fotográficas Nikon profissionais, com teleobjetivas de 300 a
1000 mm, dessas grandes. Era um terror trabalhar com elas, porque
tinham um foco rapidíssimo. Qualquer "bobeada",
qualquer movimento em falso, e perdíamos os UFOS. Mas eram
equipamentos de primeira. Também tínhamos filmadoras e
gravadores, na possibilidade de um ruído ser ouvido ou de alguma
coisa que pudesse ser registrada.
Revista UFO - Vocês tinham
expectativa dessas naves entrarem em contato com vocês, se é
que esse não era um dos objetivos da Operação Prato?
Hollanda - Estávamos expostos a
tudo. Para falar a verdade - e não estou fazendo mistério -,
podia acontecer qualquer coisa, no mato, na selva, nas praias, em
qualquer lugar. Estávamos em operação militar e, por
obrigação, tínhamos que agüentar tudo. O quer que ocorresse
teria sido no cumprimento do dever.