Revista UFO - Consta em seu
currículo também uma função bastante interessante, como chefe
do Serviço de
Operações Especiais de Selva. O senhor deve ter um monte de
experiências para contar.
Hollanda - Sim. A FAB tinha um
projeto de fazer um "colar de fronteiras". Era idéia
de um brigadeiro inteligentíssimo chamado Camarão (Editor:
João Camarão Teles Ribeiro ), que tinha muito conhecimento da
Amazônia. Ele queria formar pontos-chave por todas as
fronteiras, construir campos de pouso de 200 em 200 km ao lado de
missões religiosas protestantes ou católicas, e assentar lá
agrupamentos que dessem assistência aos índios. A FAB daria
suporte a tudo isso. Eu trabalhei nessa operação como
pára-quedista, pois tinha bastante adaptabilidade a esse tipo de
atividade.
Revista UFO - o senhor efetuou
então muitas missões na selva. E apareciam muitos índios?
Hollanda Eram muitas tribos
indígenas, com muitos de abrindo áreas na mata para
construção de campos. Alguns eram aculturados, outros não.
Mas, a gente sempre trabalhava em algumas missões em contato com
eles. Nessa época, as ações do Parasar sempre estavam
coadjuvando (Editor:Pára-quedismo e Salvamento, do termo em
inglês Parachute Search and Rescue). Eu era um pára-quedista
responsável por ações de busca e salvamento na selva.
Revista UFO - Durante essa época, o
senhor tomou conhecimento de algum tipo de descoberta relacionada
à Arqueologia ou alguma observação, feita por militares na
Amazônia, ligada a esse tipo de programa?
Hollanda - Sim, alguns colegas
tiveram experiências do gênero, principalmente um amigo meu,
que relatou que estava sobrevoando a selva e ficou surpreso ao
ver uma formação piramidal coberta pela vegetação, no meio do
nada. Parece que ali tinha existido algum núcleo de uma
civilização muito antiga e que fora abandonada, tendo a selva
tomado conta de tudo. Mas havia uma formação piramidal nítida,
com ângulos perfeitos no Amazonas. Só não posso precisar
exatamente onde.
Mas, se não me engano, foi na região do Rio Jaguari. Isso me
foi relatado pelo coronel Valério.
Revista UFO - Coronel, agora que
sabemos bastante sobre sua atividade na FAB, vamos falar de
Ufologia. Qual foi Sua Primeira Participação na pesquisa
ufológica oficial dentro da Aeronáutica? Foi a Operação Prato
ou já havia alguma coisa antes disso ?
Hollanda- Não, de minha parte não.
Minha atividade era somente a segurança do Estado e as coisas
que envolviam o comprometimento da segurança nacional. Não
tinha nada a ver com UFOS ou ETS. Mas eu já tinha conhecimento
de alguns casos acontecendo na Amazônia.
Revista UFO - Esses casos atraiam,
de alguma maneira, interesse ou preocupação por parte das
Forças Armadas, no sentido de que fossem uma ameaça externa à
soberania nacional?
Hollanda - Não eram vistos como
ameaça externa. Os UFOS eram encarados mais como um fenômeno
duvi-
doso. Alguns oficiais - talvez até a maioria deles - viam os
UFOS como uma coisa improvável e faziam muita gozação a
respeito. Faziam tanta brincadeira que acho que foi sorte essa
Operação Prato sair. Acho que só aconteceu mesmo porque o
comandante do Primeiro Comar (Editor: brigadeiro Protásio Lopes
de Oliveira), na época, tinha muito interesse nisso e acreditava
em UFOS. Se não...
Revista UFO - Como surgiu a idéia
da Operação Prato? Foi um projeto seu, do comandante do
Primeiro Comar ou uma coisa do Governo?
Hollanda - Eu não estava em Belém
nessa época. Embora estivesse servindo na cidade, fazia um curso
em Brasília. Mas quando retomei, apresentei-me ao chefe da
Segunda Seção do Comar (Editor: Coronel Camilo Ferraz de Barros
) e ele me perguntou se eu acreditava em discos voadores. Foi
meio de surpresa. Eu nem sabia que estava ocorrendo uma pesquisa
sobre o assunto. Quando respondi que sim, ele falou "...
então você está encarregado deste caso ", e me deu uma
pasta com o material. Era o início da operação, da qual eu
ficaria encarregado, embora nem nome ainda tivesse.
Revista UFO - De onde veio a idéia
de a operação se chamar Prato?
Hollanda - Essa idéia foi minha.
Dei esse nome porque o Brasil é o único país no mundo que
chama UFO de
disco voador. Em francês é soucoupe volante, que significa
pires. Os portugueses o chamam de prato voador. Na Espanha é
platillo volador, e platillo é prato também. Enfim, até em
russo se fala prato, nunca disco, como se faz no Brasil! E como
nas Forças Armadas a gente nomeia algumas operações com uma
espécie de código, esse caso não podia ser exceção, ainda
que não pudesse ser identificado o objetivo da operação. Por
exemplo, não poderíamos chamá-la de Operação Disco Voador.
Por isso, ficou Operação Prato.
Revista UFO - Se o senhor recebeu
uma pasta de seu chefe, então quer dizer que já havia em
andamento alguma investigação a respeito?
Hollanda - Sim, quando eu cheguei de
Brasília já havia agentes sendo enviados para investigar as
ocorrências de UFOS, porque essa coisa já estava acontecendo
há muito tempo na região de Colares, que é uma ilha
pertencente ao município de Vigia, no litoral do Pará.
O prefeito da cidade mandou um oficio para o comandante do Comar
avisando que os UFOS estavam incomodando muito os pescadores.
Alguns deles não conseguiam mais exercer sua atividade, pois os
objetos sobrevoavam suas embarcações. Às vezes, alguns até
mergulhavam ao lado delas, nos rios e mares. E a população
local passava a noite em claro. As pessoas acendiam fogueiras e
soltavam fogos para tentar afugentar os invasores. Foi o pavor
que fez com que o prefeito se dirigisse ao comando do Comar
pedindo providências, e o brigadeiro mandou que eu fosse
investigar as ocorrências.
Revista UFO - Em algum momento houve
a participação ou instrução de Brasília para que a
situação fosse averiguada?
Hollanda - Na época, não
participava das discussões. Era apenas um capitão e recebia
ordens, somente. Eu não fiz pane desse trâmite e não sei como
as decisões foram tomadas ao certo. Mas, pelo pouco que sei, a
decisão foi do comando do Comar. Se houve envolvimento de
Brasília, eu não tomei conhecimento.
Revista UFO - como é que o senhor
estruturou a Operação Prato ? Quantas divisões, quantas
pessoas, quantas missões etc ? Enfim, como o senhor organizou
todas as tarefas?
Hollanda - Bem, nós éramos uma
equipe. Eu era o chefe dela. E tínhamos cinco agentes, todos
sargentos, que trabalhavam na segunda seção do Comar. Além
disso, tínhamos informantes aos montes, gente nos locais de
aparição das luzes, em campo, que nos ajudava. Às vezes eu
dividia a equipe em duas ou três posições de observação
diferentes na mata. Claro que ficávamos constantemente em
contato uns com os outros, através de rádio.
Revista UFO - Qual era o objetivo
imediato da Operação Prato? Observar discos voadores,
fotografá-los e contatá-los?
Hollanda - Olha, eu queria mesmo é
tirar à prova essa coisa toda. Queria botar isso às claras.
Porque todo mundo falava nas luzes e objetos e até os apelidaram
com nomes populares, tais como Chupa-chupa. E a, a FAB precisava
saber o que estava realmente acontecendo, já que isso se dava no
espaço aéreo brasileiro. Era nossa a responsabilidade de
averiguar. Mas no início da Operação Prato, eu queria mesmo
era uma confirmação do que estava acontecendo.
Revista UFO - O que motivou a
população local a chamar as luzes de Chupa-chupa?
Hollanda - Havia uma série de
relatos de pessoas que tinham sido atingidas por um raio de luz.
Todas julgavam que o efeito sugava-lhes o sangue. E realmente
verificamos alguns casos e descobrimos que várias delas,
principalmente mulheres, tinham estranhas marcas em seus seios
esquerdos, como se fossem dois furos de agulha em torno de uma
mancha marrom. Parecia queimadura de iodo. Então as pessoas
tinham o sangue sugado, em pequena quantidade, por aquelas luzes.
Por isso passaram a apelidá-los de Chupa-chupa. Era sempre a
mesma coisa: uma luz vinha do nada e seguia alguém, geralmente
uma mulher, que era atingida no seio esquerdo. Às vezes eram
homens que ficavam com marcas nos braços e nas pemas. Na
verdade, a cada dez casos, eram mais ou menos oito mulheres e
dois homens.
Revista UFO - E vocês documentaram
as marcas verificadas nas pessoas?
Hollanda - Sim, foi tudo visto e
analisado por médicos, que às vezes iam conosco aos locais.
Sinceramente, eu entrei nessa como advogado do diabo. Queria
mesmo era desmistificar essa estória e dizer ao meu comandante
que essa coisa não existia, que era alucinação coletiva, sei
lá. Achava que alguma coisa estava sendo vista, mas que não era
extraterrestre.
Revista UFO - O senhor imaginava que
fosse o que, então, que estava sendo visto e até atacando as
pessoas?
Hollanda - Não sei bem. Talvez a
plumagem de uma coruja refletindo a luz da lua ou alguma outra
coisa dessa natureza. Até acreditava em extraterrestres, mas
não que as pessoas os estivessem vendo. E eu fui para lá
verificar se era realmente isso. Passei pelo menos dois meses
respondendo ao meu comandante, quando voltava das missões, que
nada havíamos descoberto.
Eram os primeiros dois meses da Operação Prato, nos quais nada
vi que pudesse mudar minha opinião. Às vezes passava uma semana
no mato e voltava apenas no domingo, para conviver um pouquinho
com a família. A cada retorno, meu comandante perguntava:
" Viu alguma coisa? E eu sempre respond ia : Vi luzes
estranhas, ao longe, mas nada extraterrestre ". De fato,
víamos luzes que piscavam, que passavam à baixa altitude, mas
nunca nada de muito estranho.
Revista UFO - Isso era durante a
noite. E o que acontecia durante o dia ? Vocês tinham alguma
outra atividade incorporada à Operação Prato?
Hollanda - Sim, tínhamos outras
coisas a fazer, que eram parte dos objetivos da operação.
Fazíamos entrevistas com pessoas que tiveram experiências,
preparávamos os locais para passar a noite e buscávamos lugares
"quentes" para fazer vigílias. Quando descobríamos
que algo aparecera em tal lugar, para lá nos deslocávamos.
Fazíamos um levantamento da situação, e sempre cadastrávamos
os nomes dos envolvidos em um formulário próprio.
Revista UFO - Que procedimento ou
metodologia era utilizado na colela de informações ?
Hollanda - Sempre colocávamos o
nome da pessoa que teve a experiência, o local onde ocorreu,
horário etc. Fazíamos uma descrição de cada fato ocorrido na
mesma localidade. Assim, se acontecessem três casos numa noite,
a gente ouvia três testemunhas. Algumas das descrições eram
comuns, outras mais estranhas. Às vezes recebíamos relatos de
coisas que não podíamos comprovar a autenticidade, como
desmaterialização de paredes inteiras ou de telhados, por
exemplo.
Revista UFO - Como assim? O senhor
tem algum caso para ilustrar esse tipo de ocorrência ?
Hollanda - Sim. A primeira senhora
que entrevistei em Colares, por exemplo, disse-me coisas
absurdas. Tínhamos saído de helicóptero de Belém só para
ouvirmos uma mulher que tinha sido atacada pelo Chupa-chupa. Vi
que ela tinha realmente uma marca no seio esquerdo. Era marrom,
como se fosse uma queimadura, e tinha dois pontos de
perfuração. Quando conversamos, relatou-me que estava sentada
numa rede fazendo uma criança dormir quando, de repente, o
ambiente começou a mudar de temperatura. A senhora achou aquilo
esquisito, mas nem imaginava o que iria ocorrer a seguir. Então,
deitada na rede, viu que as telhas começaram a ficar
avermelhadas, em cor de brasa. Em seguida, ficaram transparentes
e ela pôde ver o céu através do telhado. Era como se as telhas
tivessem se transformado em vidro. Ela via o céu e até as
estrelas.
Revista UFO - Histórias bizarras
como essa eram muito comuns durante a execução da operação
Prato?
Hollanda - Muito, e me assustavam
bastante, porque nunca tinha ouvido falar nessas coisas. Quando
ouvia casos assim, ficava cada vez mais preocupado e curioso.
Essa gente parecia ser sincera. Por exemplo, através do buraco
que a mulher descreveu ela viu uma luz verde brilhando no céu. A
senhora então ficou meio dormente, até que, em seguida, um raio
vermelho que saiu do UFO atingiu seu seio esquerdo. Era curioso
que na maioria das vezes as pessoas eram atingidas do lado
esquerdo. E tem mais: exatamente na hora em que estávamos
falando disso, uma menina chegou perto e disse:
"Olha, aquilo está passando aqui em cima ". Quando
saí da casa, vi cruzar a luz que a moça estava apontando, numa
velocidade razoável, ainda que o céu estivesse bastante
encoberto. Não era muito veloz e piscava a cada segundo,
dirigindo-se ao norte. Parecia até um satélite, só que essa
luz voltou em nossa direção - e satélites não fazem isso!
Logo em seguida, aquilo ficou mais estranho ainda. Mesmo assim,
não poderia dizer se era uma nave extraterrestre. Aliás, eu
não estava lá para classificar qualquer coisa que surgisse como
sendo d isco voador.
Revista UFO - vocês utilizavam
algum tipo de equipamento de radar que pudesse confirmar ou fazer
acompanhamento desses fenômenos?
Hollanda - Não. Todos os aeroportos
têm radares fixos. Nós não portávamos nada desse tipo.
Revista UFO - Os ataques que estavam
acontecendo com certa freqüência eram comunicados ao Governo,
às autoridades estaduais ou municipais?
Hollanda - Sim, claro. Vários
médicos da Secretaria de Saúde do Pará foram enviados pelo
governo para examinar as pessoas. Eles analisavam o lugar
queimado e tomavam depoimentos dos pacientes, mas não faziam
mais nada - nem tinham como. Algumas vítimas se recuperavam
facilmente. Outras ficavam muito apavoradas. Havia umas que
diziam ficar enjoadas, com o corpo dormente por vários dias. Um
cidadão uma vez veio me procurar para dizer que próximo à sua
casa tinha surgido uma luz, que focou um raio brilhante em sua
direção. Ele me relatou ter ficado tão apavorado que correu
para dentro da casa, pegou uma arma e apontou para a luz. Aí
veio outra ainda mais forte que fez com que ele caísse. O pobre
coitado passou uns quinze dias com problemas de locomoção, mas
não houve nada mais sério.
Ele não foi atingido por nada sólido, como um tiro, por
exemplo. Parece que a natureza dessa luz é uma energia muito
forte que deixa as pessoas sem movimento. Acredito que as
autoridades federais estavam informadas de que esse tipo de
ataque a humanos estava acontecendo na região, mas desconheço
provas. Eu apenas recebia ordens de meu comandante, mais nada.
Revista UFO - se esses depoimentos
foram coletados desde o início da Operação Prato, quando foi
que o senhor teve seu primeiro contato frente a frente com UFOS
naquela região?
Hollanda - Foi bastante
significativo. Certa noite, nossa equipe estava pesquisando na
Ilha do Mosqueiro, num lugar chamado Baía de Sol (Editor: um
balneário conhecido de Belém, bem próximo a Colares), pois
havia informações de que lá estavam acontecendo coisas. E como
estávamos investigando todo e qualquer indício de ocorrências
ufológicas, fixamo-nos no local. Nesse período, os agentes que
tinham mais tempo do que eu nessa operação - já que
"peguei o bonde andando" -, questionavam-me o tempo
todo, após vermos algumas luzinhas, se eu já estava convencido
da existência do fenômeno. Como eu ainda estava indeciso,
diziam-me : ''Mas capitão, o senhor ainda não acredita? "
Eu respondia que não, que precisava de mais provas para crer que
aquelas coisas eram discos voadores. Eu não tinha visto, até
então, nave alguma. Somente luzes, muitas e variadas. E não
estava satisfeito ainda.