Revista UFO 54 – Outubro 97

Coronel Rompe Silêncio sobre UFOs
Um militar da reserva da FAB dá depoimento exclusivo à Revista UFO sobre pesquisas ufológicas na Amazônia


Uyrangê Bolivar Soares Nogueira de Hollanda Lima. Este é o nome do primeiro oficial de nossas forças armadas a vir a público falar sobre as atividades de pesquisas ufológicas desenvolvidas secretamente no Brasil. Com nome de guerra Hollanda, hoje coronel reformado da Força Aérea Brasileira (FAB), 57 anos, foi ele quem comandou a famosa e polêmica Operação Prato, realizada na Amazônia entre setembro e dezembro de 1977. Foi ele quem estruturou, organizou e colheu os espantosos resultados desse que foi o único projeto do gênero de que se têm notícias em nosso país.

Homem extremamente objetivo, impressionantemente culto e com vívida memória de inúmeros episódios de sua carreira militar - especialmente em relação à Ufologia -, Hollanda recebeu a Revista UFO em seu apartamento à beira mar, em Cabo Frio, litoral do Rio de Janeiro, para uma longa e proveitosa entrevista. Das 48 horas em que o editor A. J. Gevaerd e o co-editor Marco Antonio Petit passaram em sua residência, ambos colheram uma valiosíssima quantidade de informações ufológicas inéditas e espetaculares.

Sua atitude de quebrar um silêncio de 20 anos sobre o assunto não é por acaso. Hollanda tem acompanhado a
trajetória da Ufologia desde o surgimento da Revista UFO, há 12 anos. Em 1985, oito anos após a realização da Operação Prato, e ainda com a memória fresca sobre os inúmeros casos ufológicos que viveu, a revista Ufologia Nacional & Internacional (antecessora de UFO), recebeu de uma fonte confidencial ligada à Aeronáutica uma série de fotos de UFOS que teriam sido tiradas pela FAB na Amazônia.

Eram fotografias secretas, obtidas oficialmente pelos militares que compunham a operação. Esse material tinha que ser publicado para que todos soubessem a seu respeito, mesmo que pudesse trazer problemas legais para a revista. E assim foi feito: as fotos e um texto sobre o assunto - sobre o pouco que sabíamos na época a respeito da Operação Prato - foram publicados. Evidentemente, os oficiais que integraram a operação não gostaram de nossa atitude, em especial o comandante do Primeiro Comando Aéreo Regional (Comar), de Belém (PA), que determinou a criação de tal projeto e que o mesmo fosse mantido em segredo, também por instruções superiores vindas de Brasília. Ninguém foi punido, até porque nunca se soube quem era nossa fonte de informação, e a revista não sofreu qualquer penalidade legal além de algumas ameaças pouco explícitas.

RECEPÇÃO FORMAL - Mas o recado foi dado: nossos leitores passaram a saber que uma missão de investigação oficial de UFOS, conduzida pela FAB, foi realizada na Amazônia em sigilo, resultando em experiências diversas vividas pelos militares envolvidos e na confirmação não só da realidade do Fenômeno UFO como também de sua origem extraterrestre. Nem o próprio Hollanda, que não conhecíamos ainda, chegou a se aborrecer com o que fizemos, pois julgou importante que todos soubessem dos fatos.

Depois disso, já baixada a poeira, Hollanda, ainda com patente de capitão, passou a acompanhar os passos de nossa revista, constatando de longe a seriedade do trabalho desenvolvido pela Equipe UFO. Nosso interesse por maiores informações sobre a Operação Prato nos levou a contatá-lo em Belém, em 1988, em seu posto no Primeiro Comar. Hollanda nos recebeu com forrnalidade, mas bastante receptivo. Evidentemente, não pôde oferecer-nos as informações que buscávamos, mas notou nossa insistência em ter o assunto disseminado publicamente. Por isso, tentamos ainda um novo contato no início dos anos 90, quando o oficial já estava prestes a se aposentar.

Nessa ocasião, num encontro casual, trocamos algumas idéias, mas nada além disso. Ainda não seria dessa vez que teríamos conhecimento dos detalhes das descobertas da FAB na Arnazônia.

HORA CERTA - No entanto, há cerca de três meses, quando alguns membros da Equipe UFO estiveram no programa Fantástico, numa matéria específica sobre o sigilo imposto aos discos voadores pelos governos - especialmente do Brasil -, Hollanda, já na reserva, viu que era hora de quebrar o silêncio. Aposentado desde 1992, logo na segunda-feira seguinte ao programa ele nos telefonou para retomar o contato e colocar-se à nossa disposição. Disse que já havia passado bastante tempo desde a Operação Prato e que julgava já ser hora de se falar a respeito. Quando questionamos sobre a possibilidade de punições de seus superiores, disse que não se preocupava com isso. "Estou na reserva, cumpri minha missão para com a Aeronáutica. O que eles podem me fazer? Prender? Duvido! ", exclamou.

Ao recebermos tamanho sinal verde, não tivemos dúvida e, com seu consentimento, colocamos o repórter Luiz Petry, produtor do Fantástico, e Bia Cardoso, da Manchete, a par da situação. Eles foram os primeiros a chegar a Cabo Frio e entrevistar Hollanda. Com isso, cumpríamos com nossa obrigação de informar à Imprensa sobre fatos dentro da esfera ufológica. Por mais que pudéssemos (e fôssemos tentados a) guardar para a Revista UFO o "furo" de reportagem, não tínhamos esse direito. Uma quantidade imensamente maior de pessoas teria acesso às informações que Hollanda divulgaria através desses programas de televisão, contra um número restrito a pouco mais de 20 mil leitores cativos da UFO.

Mesmo assim, evidentemente, cabe à nossa revista levar a seus leitores informações completas, aprofundadas e surpreendentes, que o agora coronel nos revelou nesta reportagem exclusiva. Mais do que entrevistado, Hollanda transformou-se num querido amigo e aceitou, sem titubear, o convite que formulamos para vir a ser um consultor de UFO. Experiência não lhe falta! Em seus quatro meses de Operação Prato, além de muitos outros passados na selva em missões onde o Fenômeno UFO estava presente, teve a oportunidade não apenas de conhecer detalhes sobre o assunto, mas de viver ele próprio dezenas de espetaculares experiências com objetos enormes e à curta distância. Hollanda se recorda dos detalhes de ocorrências assustadoras passadas na selva em que UFOS do tamanho de prédios de 30 andares aproximaram-se a não mais do que 100 m de onde estava.

Hoje, casado pela segunda vez e vivendo uma vida pacata em Cabo Frio, após 36 anos de atividade militar – nos quais desenvolveu funções que vão desde chefe do Serviço de Intendência do Primeiro Comar a chefe do Serviço de Operações de Informação (A2) e coordenador de Operações Especiais de Selva Hollanda é um homem realizado e franco. "Gevaerd a Operação Prato tinha o objetivo de desmistificar aqueles fenômenos na Amazônia. Eu mesmo era cético a respeito disso ", disse ao editor de UFO. "Mas depois de algumas semanas, quando os UFOS começaram a aparecer de todos os lados, enormes ou pequenos, perto ou longe, não tive mais dúvida ", desabafa. É esse fantástico depoimento que se inicia a seguir e que terá continuidade em nossa próxima edição, dado seu extenso volume.

Revista UFO - Coronel, o senhor é o primeiro militar a vir a público e admitir tudo o que pretende nesta entrevista. Quais são as razões para isso?

Hollanda - Em 1977, quando ocorreram as coisas que vou descrever, fui muito procurado por ufólogos e pela
Imprensa para fazer alguma declaração a respeito. Mas não podia falar na época, porque tinha uma obrigação militar. Eu havia cumprido uma missão e não podia revelar qual era. Minha fidelidade era apenas para com meu comandante. Mas depois de quatro meses de estudos e pesquisas, a Aeronáutica interrompeu a Operação Prato. O comandante tinha ficado satisfeito com os resultados e não me competia julgar, na época, se isso era certo ou errado.

Revista UFO - Então o senhor evitou falar sobre a Operação Prato esse tempo todo?

Hollanda - Eu não podia falar. E também não tinha vontade. Conversei com vários ufólogos, entre eles o general Uchôa, e fui procurado até por pessoas dos EUA, inclusive Bob Pratt (Editor: autor do livro UFO Danger Zone, ver seção Livros de UFO 51). Conversamos muito em Ofl Minha posição como militar colocaria o Ministério da Aeronáutica numa situação difícil de se explicar, e além disso havia punições para quem tratasse desse assunto sem autorização. Eu não tinha permissão nem do meu comandante, quanto menos do ministro. E o que eu falasse seria interpretado como sendo a palavra oficial da Força Aérea Brasileira (FAB).

Mesmo assim, após o encerramento da Operação Prato, pesquisei e mantive contato com ufólogos de vários países e nunca falei nada a respeito.


Revista UFO - o senhor se reformou da FAB em J992. Não passou pela sua cabeça conversar com ufólogos antes e relatar tais fatos ?

Hollanda - Eu apenas conversava com eles, sem entrar em detalhes. Conversei muito com Bob Pratt quando ele veio ao Brasil, com dona Irene Granchi, com Rafael Sempere Durá, e outros. Mas nunca disse que queria falar à televisão ou coisa assim. Pediram-me que escrevesse um livro, mas nunca me interessei. Hoje penso diferente: acho que já deve ser dita alguma coisa sobre a Operação Prato. Esse assunto deve ser propalado e explicado, pois vou fazer 60 anos daqui a pouco. De repente posso morrer, e aí história se acaba.

Revista UFO - Por ter procurado a Revista UFO para dar estas declarações, quer dizer que -confia que ela vá
fazer um trabalho sério de divulgação sobre o que o senhor está falando?

Hollanda - Há muitos anos, em 1987 ou 1988, estive conversando com você (dirigindo-se a Gevaerd) e não pude autorizar a publicação de nada sobre o que falamos em sua revista. Mesmo assim você o fez, por achar que o assunto não poderia ficar escondido. Eu estava na ativa e não podia dar nenhuma declaração formal. O que saiu publicado foi sem permissão, o que nos causou um pouco de complicação à época. Mas precisava ser dito. Alguns anos depois, eu já estava na reserva e a coisa tinha mudado. Já podia fazer declarações sem problemas. E por saber de sua seriedade, da Revista UFO e de seus demais membros, hoje sinto mais tranqüiljdade para falar sem correr o risco disso virar sensacionalismo. Não creio que esta revista vá dar tal conotação a essa matéria apenas para aumentar suas vendas.

Revista UFO - obrigado pela confiança, coronel. Mas como é que tudo começou? Qual foi o estopim inicial de seu interesse por Ufologia? Foi anterior à Operação Prato?

Hollanda - Em 1952 eu tinha 12 anos e estava na janela de minha casa, em Belém, quando apareceram uns objetos muito grandes que me chamaram a atenção. Havia uma luz imensa sobre a cidade. No dia seguinte a história estava publicada no jornal. A matéria dizia que aquilo tinha parado sobre uma federação de escoteiros, durante um campeonato de natação, e todo mundo viu. Foi aí que surgiu meu interesse por essas coisas, bem antes de ser militar e muito antes da Operação Prato. Sempre acreditei em vida extraterrena e na possibilidade de "eles" terem a curiosidade de nos observar.
Somos um planeta com vida inteligente que deve suscitar o interesse de extraterrenos.

Revista UFO - O senhor chegou a engajar na Aeronáutica por causa de seu interesse pela vida fora da Terra?

Hollanda - Não. Sempre tive uma paixão muito grande pela aviação e pela vida militar. Como aviador da FAB, cheguei a ser chefe do Serviço de Intendência, no qual tinha muitas atribuições. Minha função era dar suporte administrativo e financeiro para ações do comando ao qual servia. Também fui chefe de operações do Serviço de Informações do meu comando. Era uma tarefa ligada à segurança do Estado, combate aos movimentos subversivos durante a efervescência após a Revolução de 64. Combatíamos as ações de terroristas e de partidos comunistas que tentavam se infiltrar no país.

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