A hora do encontro
Astrônomos acham que a grande descoberta dos próximos 100 anos será a da vida fora da Terra. O Universo está cheio de ETs, avaliam, e já não parece tão difícil encontrar um deles por aí.


Agosto de 2099. A voz do computador, na sala principal de um grande observatório anuncia que o telescópio captou raios de luz incomuns, que não poderiam ter sido emitidos por nenhuma estrela conhecida. Observações posteriores confirmam a suspeita - a luminescência, vinda de um mundo incrivelmente longe da Terra, só pode ter sido enviada por uma criatura inteligente tentando fazer contato com outros seres.
A cena é fictícia, mas provavelmente acontecerá na realidade, nas próximas décadas. O Universo contém muitos ETs - essa é a constatação geral que, nos últimos anos, aumentou a confiança de que vamos achar alienígenas em outros planetas. Não demora muito. A expectativa é fazer contato no século XXI. "Essa será a mais importante façanha científica do próximo século e a probabilidade de isso acontecer é muito alta", disse à SUPER um dos gurus da Astrofísica, o americano Alan Dressler, dos Observatórios Carnegie, em Washington.
Para ele, a aposta mais segura é em algum tipo de micróbio extraterrestre. Só que as chances não param aí. O cerco para captar sinais enviados do espaço por possíveis ETs inteligentes aumentou. Durante muito tempo essa missão foi encarada apenas pela Sociedade Planetária, na Califórnia, Estados Unidos, com o seu Programa de Busca de Inteligência Extraterrestre, conhecido pela sigla em inglês, Seti. Este ano, várias outras instituições se integraram à tarefa. Entre elas estão a Universidade Harvard e da Califórnia, nos Estados Unidos, o Observatório Medicina, na Itália, e a Universidade de Nova Gales do Sul, na Austrália. Com o reforço, será possível investigar, nos próximos vinte anos, cerca de 5 000 estrelas. É dez vezes mais do que o Seti pôde fazer, sozinho, em uma década e meia de existência.
A busca fica mais emocionante à medida que aumenta o número de planetas descobertos em torno de outras estrelas. Agora, cada vez que um deles é detectado, à taxa de cinco por ano, antenas e telescópios se voltam para lá na expectativa de captar uma mensagem inteligente. Outra novidade é que, em vez de ouvir apenas sinais de rádio, como sempre fez, o Seti também passou a captar sinais codificados na forma de luz. A idéia foi do físico americano Charles Townes, um dos inventores dos aparelhos de laser, atualmente na Universidade da Califórnia.
A dificuldade de encontrar um ET desenvolvido é muito maior do que o de descobrir micróbios lá fora. Mas também é possível que a hora do encontro com um deles chegue até antes de 2099, como disse Townes à SUPER. "Mesmo considerando que seres inteligentes sejam raros no Universo, o contato agora pode acontecer a qualquer momento."